Você vai à academia, vê aquela gente toda se exercitando, entrando em forma. Mas ninguém vai ficar em forma para fazer alguma coisa. Na sociedade moderna, você não precisa ser fisicamente forte para fazer coisa nenhuma. O único motivo para eles ficarem em forma é conseguir fazer todo aquele exercício. Então a gente malha para ficar em forma para quando for a hora de malhar. Isso é comédia.
Acho que muita gente vai concordar comigo: um dia não vai mais haver moda. Acho que, um dia, todos nós vamos vestir a mesma coisa. Porque toda vez que eu vejo um filme ou um programa na televisão onde há gente do futuro ou de outro planeta, eles estão todos usando a mesma roupa. Um dia eles decidiram: "Ora, chega disso. Daqui em diante, isso aqui é que vai ser nossa roupa. Um macacão prateado, com um decote em V, e botas. É isso aí. Vamos começar a visitar outros planetas e queremos parecer uma equipe."
Eu estou ficando um pouco cansado de fingir que fico todo alegre sempre que é aniversário de alguém. Quero dizer, afinal, a essa altura, o que tem de mais? Quantas vezes temos de festejar que alguém nasceu? Todo ano, todo mundo, de novo e de novo? Tudo que você fez foi evitar morrer durante 12 meses. Grande coisa.
Ninguém gosta que lhe cantem "Parabéns para Você".
Ninguém gosta daqueles bolos com sorvete. Ninguém gosta de fingir que gostou do presente.
"Gostou mesmo?" "Gostei sim."* "Por que se não gostou, você pode trocar." * "Não, não, gostei de verdade."* "Só queria ter certeza."* "Adorei."* "Achei que você ia gostar." * "Sabe, é perfeito." *
* Tudo mentira.
Há toda uma indústria de maus presentes. Todos esses presentes "executivos", aquelas coisas estúpidas de bronze e madeira, com uma almofadinha verde embaixo: "E um organizador de tacos de golfe e gravatas, papai."
Nada se compara com o peso para papel em matéria de mau presente. Para mim, não há maneira melhor do que um peso para papel para se dizer a alguém: "Recusei-me a fazer o menor esforço para comprar um presente." E onde é que essa gente está trabalhando que o vento leva todos os papéis das mesas deles? A escrivaninha está em cima de algum caminhão na auto-estrada ou coisa parecida? Eles estão datilografando alguma coisa naquela torre no mastro principal de um navio? Para que eles precisam de um peso para papel? De onde vem tanto vento?
Alguém me deu um rádio para o chuveiro. Muito obrigado. Será que eu quero mesmo música no chuveiro? Acho que não há melhor lugar para dançar do que um chuveiro com o chão escorregadio, junto de uma porta de vidro.
Também adoro aquele certificado de presente. Ê um verdadeiro tapa na cara, não é? Tem aquela moldurinha em volta, para parecer uma coisa oficial. E um "diploma de não-ligo-amínima-para você". E isso que é um certificado de presente.
A. indicação mais clara da complexidade dos relacionamentos modernos são aqueles cartões sem nada escrito dentro. Nada, nenhuma mensagem. E como se os fabricantes de cartões dissessem: "Desistimos, você pensa em alguma coisa. Por 75 cents a gente não vai fazer esse esforço
Já aconteceu de você estar andando pela rua e vem um carro te seguindo, porque eles acham que você está indo para o seu carro e querem a vaga? Não é esquisito quando um carro anda com a mesma velocidade que você? Você repara que quando você pára, ele pára; você vira, ele vira — é como um carrinho gigante de controle remoto. Você pode dar uma corrida de repente, para ver se ele dá de cara num muro. Você pode ficar fazendo ziguezague e o cara acaba perdendo a carteira por estar dirigindo bêbado. Seria divertido.
Fonte:O melhor livro sobre nada do comediante Jerry Seinfeld